sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O CINE JOÃO VÉRAS

CINE JOÃO VERAS - Por José Maria Sousa Trévia - Série: ESCRITORES DE CAMOCIM

Na Rua Engenheiro Privat, a cem metros da Praça da Estação Ferroviária, em Camocim, o tempo volta e nos traz silenciosos recados quando contemplamos o vetusto prédio do nosso saudoso Cine João Véras. (...) Fundado na década de 1920, o velho cine passou por diversas fases, alternando tempos de glórias e períodos de decadência, incluindo aí, fases em que cerrou, temporariamente, suas portas, sofrendo sequenciadas mudanças de administrador.
Existem conhecedores da história de nossa Camocim antiga, vezeiros em afirmar que o Cine João Véras, em seus primórdios, foi denominado de Cine Rialto, vindo a receber, posteriormente, na década de 1930 ou 1940, o nome pelo qual foi consagrado e ainda hoje é lembrado, numa homenagem a João Batista Véras, irmão da primeira esposa do senhor Alfredo Coelho, proprietário daquela casa de espetáculos. Nos primeiros anos de sua fundação, o Cine João Véras não era sonorizado, época em que tínhamos o chamado "cinema mudo". A alternativa que se dispunha para dar mais vida ao espetáculo era tornar a sala musicada ao vivo, por pianistas que se consagraram por suas oportunas apresentações, destacando-se a Sinhazinha Gouveia, Nísia Trévia e a esposa do senhor Celso Mota, de cujo nome não se tem informação assegurada. 
(...)

Era assim, o Cine João Véras de meu tempo. Havia uma divisória de madeira, com altura aproximada de 1,20 metro, que dividia a sala de projeção em duas categorias - Primeira Classe e Geral - sendo esta última ocupante da área mais próxima à tela, onde os bancos não tinham apoio para os braços e nem para as costas, e cujo ingresso tinha preço único e mais barato, comparativamente aos bilhetes da Primeira Classe. (...)
Durante o dia, em pontos estratégicos da cidade, ficavam expostas as tabuletas, amarradas aos postes de ferro da rede elétrica, as quais anuncivam o programa diário do cinema, indicando o nome do filme, os principais atores, o horário sempre às 19h30min e preços dos ingressos. (...) Geralmente, os locais preferidos eram as esquinas do Armazém José Trévia, do Armazém Eduardo Normandia e Loja do Neném Lúcio, além de outros pontos eventuais, como a Praça da Matriz e o Mercado. E a divulgação contava, ainda, com os anúncios volantes, constituído por uma tabuleta especial, já que contava com cartazes do filme, carregada por dois garotos, tendo ainda um terceiro que seguia à frente, tocando um tambor.
Em um período de cinquenta anos, inserido nas décadas de 1920 até a de 1960, surgiram algumas salas cinematográficas em Camocim, mas, nenhuma delas se manteve tantos anos em atividade quanto o Cine João Véras. Dentre aquelas que surgiram e, posteriormente, desapareceram, citamos o Cine São Pedro, no Bairro São Pedro, no limiar dos anos sessenta; o Cine Astória, pertencente ao senhor Neném Lúcio, que no final dos anos cinquenta fuincionava no antigo prédio do senhor Manoel Juarez Carneiro, na Praça do Mercado. Registramos, também, o Cine Recreio, de passagem efêmera, que funcionava em uma sala da antiga sede provisória do
 Comercial Club de Camocim. Em épocas mais remotas, Camocim foi premiado, ainda com o Cine Theatro Éden, também na Praça do Mercado, fundado em 1929 pelo senhor João Véras e fechado após sua morte, em 1932, vítima de paratifo. Fala-se ainda, do Cine Relâmpago, de cuja história, ironicamente, quase nada se sabe e de nenhum registro se tem notícia.


Mais uma história para se recordar e colocar na infeliz pecha do "já teve" camocinense. A crônica completa o leitor pode ler em 'OUTROS TEMPOS" , livro do escritor camocinense José Maria Sousa Trévia.


Foto: Pesquise Camocim
Fonte: Camocim Pote de Historias.

Um comentário:

  1. Olá,
    Meu saudoso avó (José de Oliveira Melo) um dia me falou que já foi sócio dessa casa de projeção.
    Também guardo boas lembranças desse cine como tínhamos uma casa na mesma rua era comum assistir aos filmes.
    Meu nome é Augusto Cesar de Melo Martins, até breve.

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