Em postagem anterior enfocamos a existência das Escolas Reunidas em Camocim. Hoje, apresentaremos o Collegio 5 de Julho, fundado pelo jornalista Francisco Theodoro, um dos fundadores do Partido Comunista em Camocim. A escola teve vida efêmera, principalmente por causa dos problemas de perseguição política que o fundador sofreu na cidade e no país. Vejamos:
Collegio 5 de Julho
Até o fim deste mez se acha aberta a matricula deste collegio.
Materias: Leitura, Arithmetica, Portuguez, Geographia, Historia do Brasil, Historia Natural, Escripta e Francez.
Lecionamento pelos methodos mais modernos.
AULAS NOCTURNAS: Dentro de seis mezes este collegio habilita rapazes em correspondência inclusive commercial, quatro operações de conta, alguns problemas mais necessarios e leitura.
Aulas diurnas das 8 ás 11.
Aulas nocturnas das 6 ás 9.
(Fonte: Jornal “O Operário”, Anno IV, 18 de janeiro de 1931, Nº. 75. Camocim-CE, p. 2).
Com este anúncio publicado em seu próprio jornal, o Professor Francisco Theodoro oferecia seus serviços à comunidade camocinense, quando o Brasil vivia o clima da Revolução de 1930, num momento em que o sistema educacional ensaiava adaptar-se ao sistema político, fundamentado nos princípios nacionalistas de caráter ufanista, assim como no culto à imagem de Vargas e na censura posterior do Departamento de Imprensa e Propaganda - DIP.
Desde o final da década de 1920 que o Professor Theodoro procurava desenvolver suas atividades políticas com a profissão de professor. Sendo também jornalista, buscava através do jornal “O Operário”, incentivar uma participação política da classe trabalhadora de Camocim nos domínios da política, estimulando até, uma representação trabalhista na Câmara Municipal e denunciando conchavos e escândalos da política local.
Podemos perceber aí, a impossibilidade da prática política de Francisco Theodoro com sua atividade profissional que lhe permitia sustentar sua família. Sabidamente comunista, pois desde março de 1928, fundara, juntamente com outros camaradas o Comitê Municipal do PCB, (dentre outros, Pedro Teixeira de Oliveira (Pedro Rufino), João Farias Sobrinho( Caboclinho Farias) , Raimundo Ferreira de Sousa (Raimundo Vermelho), Sotero Lopes, Joaquim Manso, Petrônio Pessoa dos Santos), Francisco Theodoro iria experimentar toda sorte de perseguições por sua opção política. No ano de 1931 ele denunciaria o boicote que a sociedade local faria contra seu jornal e sua escola. Eram dois espaços entendidos como um só, isto é, a sociedade não entendia a diferença entre a ação do político junto ao operariado e o professor que pretendia “habilitar rapazes em correspondência inclusive commercial, quatro operações de conta, alguns problemas mais necessarios e leitura”.
Foto: Capa do livro editado pelo Arquivo Público do Rio de Janeiro, cujo conteúdo é o diário do Professor Francisco Theodoro escrito na prisão em 1932, onde narra o cotidiano da prisão e as perseguições sofridas em Camocim. Disponível em: www.faperj.br / Camocim Pote de Historias
http://camocim-ceara.webnode.com.br/DIVULGUE NOSSA ENQUETE NESTE ENDEREÇO.OBRIGADO.ESTE BLOG VAI SER VOTADO E DIVULGADO DIA 30.
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