Quando outubro de 2012 chegar e
com ele as eleições, farão 20 vinte anos da morte trágica de Manoel
César Siqueira, vítima de acidente automobilístico em plena campanha
eleitoral, ele, que fazia parte da então ala dos "Fundo Moles" em
Camocim. Sua morte trouxe grande comoção no município por também envolver sua
esposa (Dona Anita), seu filho (Nilton César), seu segurança Elieser e o
motorista Beto, quando voltavam de um comício da zona rural (Lagoa Comprida).
Gerente de uma firma de pesca local na época, a Empesca, pouco a pouco a figura
de Manoel Siqueira foi se consolidando na comunidade como uma pessoa que
atendia aos mais carentes e "matava" a fome dos mais pobres, com
doação das cabeças de peixe beneficiadas pela tal firma. Tal fato, foi usado
pelos adversários na campanha eleitoral que chamavam os partidários dele de
"cabeça de piramutaba", uma alusão ao peixe "doado" por
ele. A menos de um mês das eleições de 1992, sua morte provocou um fato
inusitado na política, visto que, com as cédulas eleitorais já prontas, não foi
possível alterar pelo substituto na chapa, o então empresário Antônio
Manoel Veras, que acabou ganhando as eleições, derrotando o apático candidato
dos "Cara Pretas", Murilo Câmara. Como disse, a cidade se
envolveu em comoção, fato este sabiamente capitalizado politicamente pelos Coelhos-Veras que
na época eram aliados, reforçando ainda mais o slogan político de Manoel César
Siqueira que era "A Força do Trabalho". Abaixo a transcrição das
primeiras estrofes dos repentistas e poetas populares Lucas Evangelista e
Damião Libório, escritas em setembro de 1992, que transformaram em cordel a
tragicidade da morte do político em questão:
Cordel: A morte trágica de Manoel Siqueira
Setembro em noventa e dois
Pra Camocim foi tristonho
Esta cidade perdeu
O mais belíssimo sonho
Que em vez de uma esperança
Um pesadelo medonho
Quem é bom já nasceu feito
Seja cordeiro ou herói
Mas o espírito do mal
No céu não há que apóie
Pega o espírito do bem
Em um minuto destrói.
Sabemos que a política
É emanada da riqueza
Manoel César Siqueira
Um rico sem avareza
Os pobres já lhe chamavam
Siqueira pai da pobreza.
(...)
MANOEL SIQUEIRA partiu
pela morte foi tragado
Mesmo sem ele o Partido
Inda foi recuperado
ANTONIO MANOEL foi eleito
Por ter lhe memoriado.
Fonte: Cordel: A morte trágica de Manoel Siqueira.p. 01 e 08. Autores: Lucas Evangelista e Damião Libório. Documento gentilmente cedido pelo Prof. Paulo José, do arquivo pessoal da Família Morel e Camocim Pote de Historias.
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