Solenidade de lançamento da pedra fundamental do Cais do Porto de Camocim. Setembro de 1959. Fonte: AVAP. FGV/CPDOC. |
Desde os tempos imperiais que o Porto
de Camocim é objeto de discussão nos jornais e relatórios
governamentais. Situações como o alfandegamento, as dragagens e aparelhamento
do mesmo são constantes neste papéis. No entanto, a execução de tais obras se
arrastaram com o tempo, merecendo apenas paliativos. Para termos uma ideia
dessa morosidade, desde os anos 1930 que estas melhorias eram prometidas pelos
sucessivos governos federais, visto que a obra seria de responsabilidade da União.
Da Ditadura Vargas ficaram
os estudos de viabilidade e algumas tentativas de dragagem. Com a vinda do
candidato à Presidente da República Juscelino Kubitschek as
promessas foram renovadas. Com efeito, já no final de seu governo foi lançada a
pedra fundamental da construção do Cais do Porto como mostram as fotografias
(inéditas no blog) do Acervo de Alzira Vargas do Amaral Peixoto, filha
de Getúlio Vargas e esposa do então Ministro de Viação e Obras
Públicas, Ernani do Amaral Peixoto. Em 1959, o então ministro
fez uma visita ao Ceará onde inaugurou obras, lançou outras, almoçou com
trabalhadores e beijou crianças. No Ceará, ele esteve em Fortaleza, inaugurando
melhorias no Porto do Mucuripe e em Camocim, onde foi recebido
com muita festa, como podemos perceber da multidão que comparece ao cais com
representações escolares, de trabalhadores e da sociedade civil organizada,
além de políticos, como o deputado estadual Murilo Rocha Aguiar (foto
abaixo, em primeiro plano, o quinto da esquerda para a direita, careca, de
terno preto).
Apesar de ter começado em 1959, as obras do Cais do Porto de Camocim em
1961 se arrastavam "tartarugamente", como assinalou o jornalista Fernando
Pessoa no jornal A Noite em junho daquele ano.
Segundo o articulista, o então candidato à presidente Jânio Quadros, prometera
de cima de um "jeep" do Padre Palhano em Sobral, "incentivar
as obras do Porto de Camocim", por conhecer a "necessidade de atender
a esses melhoramentos, por tratar-se de um porto bem abrigado e de significação
para toda a zona norte, não só do Estado do Ceará como do Piauí". Palavras
jogadas ao vento! Com efeito, somente ao final deste ano, quando o Ministro da
Viação e Obras Públicas era Virgílio Távora, guindado à esta
condição quando do governo parlamentarista do Primeiro Ministro Tancredo
Neves foi que as obras do Porto de Camocim e Mucuripe tiveram alguma
aceleração.
Fontes:
http://camocimpotedehistorias.blogspot.com.br
Acervo Alzira Vargas do Amaral Peixoto. FGV/CPDOC.
Jornal A Noite. ed. 15751, 10 de junho de 1961, p.4.